Reforma do IR poderá onerar a classe média
Principal assunto no cenário econômico das últimas semanas, a Reforma Tributária entregue ao Congresso pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dividido opiniões de especialistas da área. As propostas incluem alterações tanto para empresas quanto para pessoas físicas – no caso desta última, o que o governo propõe pode resultar em um aumento da conta para a classe média.
De um lado, a elevação da faixa salarial isenta de imposto, que dos atuais R$ 1.903,98 para R$2,5 mil, é considerada positiva mesmo que não corrija a defasagem acumula de 113%, segundo levantamento do Sindicato dos Auditores Fiscais de Receita Federal (Sindifisco).
Por outro, o teto proposto de R$ 40 mil por ano (R$3 mil por mês) para realizar a declaração simplificada do IR prejudica justamente os contribuintes de menor renda e não têm deduções com dependentes, por exemplo.
Esse valor, segundo o tributarista, não prejudicaria a a arrecadação do governo. “O IR não é justo, São poucos os que pagam sobre a renda. As pessoas pagam sobre rendimentos”, afirma. Para Oliveira, é necessário realizar uma ampla reforma administrativa de pensar em aumentar tributos, “Uma boa reforma tributária é aquela que reduz os impostos , desonera o contribuinte e incentiva o consumo”, pontua.
A opinião de Oliveira é compartilhada por Murillo Torelli, professor de contabilidade financeira da Universidade de São Paulo. “Se não reduzir os gastos públicos, não é possível ter uma reforma tributária reduzindo os impostos, que só vão mudar de lado, Não vai ter uma redução tributária efetiva”.
Porém Torelli enxerga a reforma como positiva, pois representa a correção de mais de 30% da tabela. Caso o novo limite de R$ 2,5 mil seja aprovado, serão 16,3 milhões de pessoas isentas.
Já as mudanças na declaração simplificada encontram mais resistência. Atualmente, qualquer contribuinte pode optar por fazer a declaração simplificada, sem a necessidade de incluir gastos que viabilizam deduções de imposto, pois o desconto de 20% sobre a renda variável é automático. O limite atual desse desconto é de R$ 16.754,34.